quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

sábado, 14 de novembro de 2009

Nunca ouvi o Jabor falando besteiras.

Nunca vi uma análise tão lúcida, embora tão contundente. Mas, pasmem os senhores: a democracia que aí está não suporta tanto, e por isso, manda tirar comentários do quilate desse talentoso jornalista Arnaldo Jabor , do site da CBN. Estaríamos vivenciando uma espécie de censura às avessas? Ou seja, restringe-se abordagens de profundidade e mantêm-se o besteirol? Ainda bem que em tempos de internet , a “preciosidade” percorre agora ainda mais solta o seu curso, como o soar insistente de um despertador, ao mesmo tempo “chato” e ao mesmo tempo “previdente”, a dizer: “acorda”; “está na hora de se levantar”; “subestimam por demais a nossa inteligência”.

Transcrevo aqui só alguma de suas frases: “As palavras estão sendo esvaziadas de sentido. Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para contestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma neo-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte”. Outra: “A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais aos fatos! Pior: que os fatos não são nada – só valem as versões, as manipulações”.

Lá pelas tantas um desabafo de quem por vezes se cansa de “tanto ver triunfar as nulidades”, como dizia o nosso Rui Barbosa: “Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?'.. A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua. Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios. A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo”.

E ainda mais essa: “Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua...” Aliás, vejam o que resultou do camuflado processo sobre a desqualificação da figura do profissional de jornalismo na sociedade brasileira... Se estamos em plena era da informação, seria óbvio supor tratar-se do tipo de profissional do qual se exigiria uma esmerada preparação acadêmica. No entanto, muitos jovens que tinham em mente seguir essa maravilhosa carreira, encontram-se hoje com os pés atrás. Talvez não fosse mesmo do interesse do governo, possibilitar uma formação de qualidade a esse profissional. Seria bem melhor que elas, inclusive, se preocupassem com os concursos de beleza, com bumbuns e estética corporal, como evidenciou o incidente com a universitária dos trajes provocantes em São Paulo. Jornalistas bons costumam ser argutos críticos sociais. Por incrível que pareça, abordagens que deveriam estar na pauta do dia, só chegam à discussão pública através dos programas cômicos, como o “Pânico na TV” , “CQC”, “O furo” do MTV, etc. Não vai aqui nenhuma depreciação em relação a esses programas, pelo contrário, eles as vezes nos salvam da mediocridade...

Os apagões, as crises econômico-financeiras e ambientais nos ensinam muito. Se houver ainda um pouco de bom senso, eventos como esses ajudar-nos-ão a colocar os pés na realidade, a olhar melhor para a sociedade na qual vivemos e descobrir que ela é feita de muitas fragilidades e inconstâncias. Não gosto do pessimismo, mas sou forçado a dizer: pode ser que os verdadeiros apagões ainda estejam por vir...

É estranho como esses esquemas repetem-se nos vários níveis, no geral e nas partes, nos macros e depois, vão descendo numa metástase contaminante, como que por tabela, até atingir os micros subsistemas dos organismos sociais. No estado e no município, a incúria, por vezes submerge, colocando às claras suas fragilidades e as insustentabilidades. É por demais preocupante a situação em que se encontra a nossa Universidade. Todos temos os nossos defeitos. Ninguém está imune aos erros provenientes das suas próprias limitações, por isso é preciso antecipar-se a elas com ações e tomadas de decisões colegiadas, com um ouvido ultra sintonizado nos reclamos do povo, estendendo canais de comunicação com os principais implicados nas temáticas, exercendo o poder com atitudes dialógicas, criativas e saneadoras.

Acho que é porque uma minoria consagrou uma tacanha e obsoleta postura política, que vai fazendo escola e engessando tudo dentro de uma visão muito restrita. Se soubéssemos como seria muito mais compensador uma outra forma de ver e fazer acontecer as coisas, a felicidade não seria algo assim tão distante dos nossos desejos e projetos. Ninguém teria receio de quem enxerga a partir de outros ângulos e foge da degeneração do pensamento único. A filosofia brasileira tem essa máxima para guardar: “A unanimidade é burra” – dizia Nelson Rodrigues.

O estado do Paraná acabou de realizar com brilhantismo a sua conferência de comunicação. Será que nós mineiros, tidos como tradicionais e conservadores, teremos também a nossa? Para fazer justiça ao presidente, termino dizendo da sua coragem em lançar esse debate necessário em todo o país. É urgente repensar aspectos essências da comunicação social no Brasil e a hora é agora.

Mestre em Comunicação Social pela PUG – Roma

http://mafraprof.blogspot.com.br/

sábado, 17 de outubro de 2009

A força dos pequenos na agricultura familiar

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), incluiu em seu Censo Agropecuário, pela primeira vez, a agricultura familiar brasileira, como demonstra a edição 2006 da pesquisa, divulgada recentemente pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Segundo os dados, os estabelecimentos de agricultura familiar representam 84,4% do total, embora ocupem apenas 24,3% da área dos estabelecimentos agropecuários brasileiros (um quarto da área total).

A pesquisa divulgou ainda que a agricultura familiar responde por 38% do valor total da produção, e que mesmo sendo cultivada em uma área menor, é responsável por garantir a segurança alimentar do País e gerar os produtos de cesta básica consumidos pelos brasileiros.

A pobre agricultura familiar, com apenas 24,3% (ou 80,25 milhões de hectares) da área agrícola, é responsável "por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 58% do leite, 59% do plantel de suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e, ainda, 21% do trigo. A cultura com menor participação da agricultura familiar foi a soja (16%). O valor médio da produção anual da agricultura familiar foi de R$ 13,99 mil", segundo o IBGE. Quando se fala em agricultura orgânica, chega a 80%. Além do mais, provou que tem peso econômico, sendo responsável por 10% do PIB Nacional.

Os dados estão aí para comprovar que é o pequeno agricultor, sem muitos recursos públicos, e não os grandes produtores em larga escala dos agronegócios, que mantêm abastecida a mesa da maioria da população brasileira. Enquanto os pequenos agricultores receberam em 2008, 13 bilhões, o chamado agronegócio recebeu um investimento de 100 bilhões! É a lógica de Davi contra o gigante Golias. Portanto, essa pobre, marginal e odiada agricultura tem peso econômico, social e uma sustentabilidade muito maior que os grandes empreendimentos. Retire os 100 bilhões de suporte público do agronegócio e veremos qual é realmente sua sustentabilidade, inclusive econômica. Retire as unidades familiares produtivas dos frangos e suínos e vamos ver o que sobra das grandes empresas que se alicerçam em sua produção.

Mas, a agricultura familiar continua perdendo espaço. A concentração da terra aumentou e diminuiu o espaço dos pequenos. A tendência, como dizem os cientistas, parece apontar para o desaparecimento dessas atividades agrícolas. O que seria um grande pecado, porque saber produzir comida é uma grande arte. Pelo paladar é possível ver se uma comida foi feita com amor ou de qualquer jeito... Essa cultura que implica em outros valores que o agronegócio não sabe cultivar (apesar de todo o subsídio e de todo acompanhamento técnico), vai muito além do valor monetário e do faturamento. Agricultura exige um trato respeitoso com a mãe terra, um sistema cooperativo que reconhece que ninguém tira dela frutos bons, de forma gananciosa e individualista. É preciso, paralelamente ao trabalho árduo, o cultivo do espírito gregário.

Consideremos que o brasileiro tem um enraizamento e uma mixagem com povos de vínculos fortíssimos com a terra: os indígenas, os negros e depois, somaram-se os imigrantes asiáticos e europeus. Preservar esses agricultores é preservar o "saber fazer" de produtos alimentares. Se um dia eles desaparecerem, o povo brasileiro na sua totalidade sofrerá com essa ausência. Para que eles se mantenham no campo são necessárias políticas que os apóiem ostensivamente, inclusive com subsídio, como faz a Europa. Do contrário, se dependermos do agronegócio, vamos comer soja transgênica, milho sem gosto e sem cheiro, chupar cana e beber etanol.

*Mestre em Ciências Sociais

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O ser criança consumido pelo mercado


*Luiz Sérgio Mafra

Dizem que o filósofo Sócrates gostava de ir ao mercadão da cidade de Atenas, primeiramente, para conversar com o povo e, depois, para certificar-se de quantas coisas ele não tinha a mínima necessidade para ser feliz. Se ele voltasse hoje ao nosso tempo, certamente veria como a ânsia consumidora começa fazendo seus adeptos desde muito cedo. Você até poderia refutar-me dizendo que, sem comércio ativado ninguém sobrevive e eu seria forçado a concordar, se tivesse totalmente conformado com esse tipo de sociedade em que vivemos.

Mas acontece que o meu inconformismo com ela tem razões que o próprio bolso desconhece... Em continuando tudo como está, insistindo nos mesmos parâmetros, aguçando os desejos de consumo que fazem abrir comércio aos domingos, crianças exigirem dos pais artigos com preços incompatíveis com suas rendas, o que deixaremos para as gerações futuras será um legado deveras pernicioso. Podemos estar criando os nossos mimados “monstrinhos” com a desculpa de dar-lhes tudo aquilo que não pudemos ter, quando não procuramos compensá-los das nossas ausências, entrouxando-os com objetos e comidinhas artificiais.

Recentemente, orientando uma pesquisa sobre a formação do imaginário infantil, numa Universidade em São Lourenço, reunimos dados acerca do acesso à TV no ambiente familiar. As observações permitiram-nos observar e identificar a influência dos desenhos animados e dos informes publicitários sobre as brincadeiras e os jogos praticados pelas crianças. Elas citaram seus desenhos preferidos e relataram a vontade que sentem de comprar alguma coisa, tais como brinquedos, roupas, alimentos, etc. É fácil intuir que o entretenimento e a propaganda, funcionam hoje, como áreas de aprendizagem que transformam a cultura da infância.

A televisão, bem como os outros meios de comunicação, exerce impacto no desenvolvimento da criança, pois tem papel na socialização dos sujeitos, além de reproduzir os mecanismos sociais de controle. A escola é um espaço de socialização também, mas pelo menos aquela pública, vem sendo literalmente atropelada pelas mudanças tecnológicas, por não saber (ou não querer) integrá-las convenientemente ao seu cotidiano. Já é de muitos anos que se questiona a metodologia arcaica do “quadro e do cuspe”, e até hoje, nada de significativo e inovador foi realizado nesse setor vital da sociedade. É incrível, mas professores que não ganham tanto, temem perder até a merreca adicional do “pó de giz”, se concebessem um quadro mais higiênico e mais adaptado aos avanços do século XXI! Penso que, nesse aspecto, muita coisa já melhoria se fossem repensados os espaços, os aparelhos e os mobiliários de uma sala de aula. Se num prazo de cinco anos, todas as escolas brasileiras pudessem contar com um aparelho multimídia em cada sala, com acesso à rede internet e com um professorado capaz de acessá-lo adequadamente, um grande passo já seria dado rumo a uma educação de qualidade para os filhos das classes média e baixa. Os recursos auxiliares de textos escritos e audiovisuais disponíveis na rede, são hoje, subsídios quase indispensáveis ao bom professor.

Com a mídia, houve algumas perdas significativas para instituições como a família, a escola e a igreja, nas quais não se deve simplesmente proibir seus acessos, mas criar condições para utilizá-las criteriosamente, beneficiando-se das suas inúmeras vantagens. Atualmente, as crianças tem uma visão de mundo mais ampla do que há cinqüenta anos, quando a mídia estava ainda em desenvolvimento. Elas estão expostas, como a maioria de nós, a uma gama muito grande de informações e de estímulos ao consumo. A garotinha prodígio do SBT, por exemplo, a engraçadinha Maísa, dança enquanto come pipoca industrializada e gaba-se de gozar do patrão que tem...

Frente ao exposto, espera-se que pais, pedagogos e professores entendam a importância da reflexão crítica sobre as programações televisivas, sobre a propaganda e a publicidade, formando indivíduos críticos à realidade da sociedade em que estão inseridos.

A força do público infantil no mercado de consumo é bastante alta. Para a coordenadora do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana: as crianças são estimuladas a ingressar cada vez mais cedo no universo adulto, absorvendo moda, hábitos e comportamentos inadequados para sua fase de desenvolvimento. Ademais, é preocupante para os educadores a qualidade das músicas que bombardeiam nossas crianças. Qualquer coisa que estimule alguém a ter pensamentos agressivos, aumenta a possibilidade disso realmente acontecer de fato.

É necessário um grande esforço e vigilância dos pais para as músicas que seus filhos ouvem, bem como aos filmes e “cartoons” que assistem, bem como, sobretudo agora, aos jogos de videogames com os quais eles dedicam grande parte do tempo e das suas energias.


sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Vídeodocumentário sobre Dom Hélder


Assista agora por inteiro, o lançamento do videodocumentário de minha autoria na “Semana DH de Fortaleza”: “Dom Hélder: profeta do século”. “O conspirador do bem. A ditadura manteve o nome dele distante do noticiário nacional. Mas o êxito de suas pregações no exterior levou o Itamaraty a empenar-se para que não recebesse o prêmio Nobel da Paz. Talvez articulações semelhantes expliquem por que não mereceu também o chapéu cardinalício. Perdeu o Nobel, perdeu a Igreja. Dom Hélder engrandeceria um e outro, pois ele sintetizava e simbolizava o que de mais evangélico ocorreu na Igreja Católica na metade do século 20”. (Jornal Voz Diocesana set./1999).

De passagem pela cidade sul-mineira de Três Corações, no dia 15 de julho de 1990, Dom Hélder Câmara alcança os jovens com sua vivacidade e entusiasmo, articulando o ardor da fé com o clamor da justiça. Profeta, de sua mente jorravam projetos que mudariam a face da Igreja Católica.

Assista o vídeo dividido em 4 partes, acessando para:
Este vídeo também foi realização em homenagem à Diocese de Campanha, pela passagem do seu Centenário.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

NO AUGE DO RIVOTRIL

Sou patriota, amo minha pátria, para além das suas indescritíveis paisagens geográficas, mas sobretudo, por causa das indissociáveis paisagens humanas de multifaces, razão pela qual a faz mais rica do que pelos minerais caprichosamente guardados em suas águas profundas. Sua grande riqueza é o seu povo e sua grande arte é esta colcha detalhadamente retalhada pelas várias etnias que compõem o que somos hoje e o que seremos amanhã.
Por isso, quando entoam o seu hino, eu me arrepio todo, e com aquele espírito cívico que herdei dos mestres que inculcaram a cidadania, firmo-me altivo ante o pendão auriverde, sem envergonhar-me de adotar uma postura até solene... Quase militar!
Mas o que vimos nesses últimos tempos de exaltação ao sentimento pátrio, foram cenas realmente quixotescas! Vanuza cantou o nosso hino completamente desafinado, numa sessão solene de uma Câmara Municipal de São Paulo, oferecendo aos mais críticos, subsídio de riquíssima simbologia, para tecermos de modo irônico, como já é da índole da brasilidade, a mais refinada crítica social. A cena está lá na internet para quem quiser se deliciar...
Depois dos últimos acontecimentos do senado, a nação deve estar mesmo entorpecida! Os nossos bons chargistas e o Macaco Simão com sua verve sempre irreverente, com certeza farão ou já fizeram, graças à desastrada “performance” da cantora da jovem guarda, as mais hilariantes abordagens...
Talvez seja por causa desse desvario e descontrole rítmico, melódico e cênico, atribuído depois ao uso de remédios fortíssimos, é que Vanuza se superou. Entendam-me os caros leitores, não estou incentivando o uso de psicotrópicos, longe disso... Mas, o evento em si, serviu-me perfeitamente de parábola para referir-me a essa sorte de coisa que vem acontecendo no cenário político, sobretudo, no âmbito do senado federal: um tremendo desafino dos homens de poder com a nação. Cogita-se até mesmo a supressão dessa segunda casa, questionando se para fazer o que fazem, não seria suficiente somente uma. O poder: todos querem ter, poucos sabem usá-lo.
Com as exceções que existem em todo o setor, o mesmo remédio faixa-preta ingerido pela cantora, deveria ser repassado, como numa grande “farra”, aos senhores e senhoras do senado, para que pudessem não só bebê-los, mas “engoli-los” (para usar literalmente a expressão de um dos defensores de Sarney). E quando o efeito assim lhes trouxessem aquela torpeza na voz, aquela frouxidão e conseqüente descoordenação dos movimentos e das idéias, arvorassem também, num só coro, cantar o hino nacional. O resultado desse devaneio seria a expressão mais real do que se passa nas mentes, nas tribunas e nos recônditos daquela casa parlamentar: um desafino geral. Aí sim, assistiríamos a um verdadeiro desrespeito ao senso comum e ao espírito de democracia, diga-se, conquistado a duras penas.
Aproximam-se as urnas mais uma vez e a gente torce para que o povo repudie a ingestão dos mesmos “remedinhos” oferecidos pelos parlamentares, a partir de então, em suas campanhas homeopáticas, para o entorpecimento da memória e da consciência popular, e não perca a grande oportunidade de substituir aqueles que mais desafinam com a defesa dos interesses mais prementes dessa “brava gente”... Unidos poderemos fazer uma orquestração melhor e cantar o hino da pátria com maior galhardia, não somente nessas “manhãs de setembro”, mas nos outros dias dos meses vindouros.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Apoiar coisas que valem a pena.

DIVULGUEM...Ou vamos perder o site de educaçãopor falta de acesso!
Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, mas que está prestes a ser desativada por falta de acessos.
Imaginem um lugar onde você pode gratuitamente:
· Ver as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci ;
· escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
· Ler obras de Machado de Assis ou a DivinaComédia;
· ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV ESCOLA, ARTIGOS CIENTÍFICOS
· e muito mais....
Esse lugar existe!
O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso,basta acessar o site: http://www.dominiopublico.gov.br/
Só de literatura portuguesa são 732 obras!
Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramentade disseminação da cultura e do gosto pela leitura.
Divulgue para o máximo de pessoas!
É MELHOR FAZER PROPAGANDA DOS BBBs E DAS NOVELAS, POIS, O POVO ASSISTE E FICA BURRO, E ASSIM É MAIS FÁCIL DE SER ENGANADO!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Comênio - O pai da didática moderna

O filósofo tcheco combateu o sistema medieval, defendeu o ensino de "tudo para todos" e foi o primeiro teórico a respeitar a inteligência e os sentimentos da criança
Foto: Corbis /Stock Photos
Quando se fala de uma escola em que as crianças são respeitadas como seres humanos dotados de inteligência, aptidões, sentimentos e limites, logo pensamos em concepções modernas de ensino. Também acreditamos que o direito de todas as pessoas – absolutamente todas – à educação é um princípio que só surgiu há algumas dezenas de anos. De fato, essas idéias se consagraram apenas no século 20, e assim mesmo não em todos os lugares do mundo. Mas elas já eram defendidas em pleno século 17 por Comênio (1592-1670), o pensador tcheco que é considerado o primeiro grande nome da moderna história da educação. A obra mais importante de Comênio, Didactica Magna, marca o início da sistematização da pedagogia e da didática no Ocidente. A obra, à qual o autor se dedicou ao longo de sua vida, tinha grande ambição. "Comênio chama sua didática de ‘magna’ porque ele não queria uma obra restrita, localizada", diz João Luiz Gasparin, professor do Departamento de Teoria e Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá. "Ela tinha de ser grande, como o mundo que estava sendo descoberto naquele momento, com a expansão do comércio e das navegações."

No livro, o pensador realiza uma racionalização de todas as ações educativas, indo da teoria didática até as questões do cotidiano da sala de aula. A prática escolar, para ele, deveria imitar os processos da natureza. Nas relações entre professor e aluno, seriam consideradas as possibilidades e os interesses da criança. O professor passaria a ser visto como um profissional, não um missionário, e seria bem remunerado por isso. E a organização do tempo e do currículo levaria em conta os limites do corpo e a necessidade, tanto dos alunos quanto dos professores, de ter outras atividades. Ruptura com a escolástica Comênio era cristão protestante e pertencia ao grupo religioso Irmãos Boêmios, ao qual se manteve vinculado por toda a vida, tornando-se, em 1648, bispo dos morávios. Embora profundamente religioso, o pensador propôs uma ruptura radical com o modelo de escola até então praticado pela Igreja Católica, aquele voltado apenas para a elite e dedicado primordialmente aos estudos abstratos. Ainda vigoravam as doutrinas escolásticas da Idade Média, pelas quais todas as questões teóricas se subordinavam à teologia cristã.
Biografia O nome Comênio é o aportuguesamento da assinatura latina (Comenius) de Jan Amos Komensky, nascido em 1592 em Nivnice, Morávia (então domínio dos Habsburgos, hoje República Tcheca). O pensador Comênio foi filho único de um casal de membros do grupo protestante Irmãos Boêmios. Na Universidade de Heidelberg (Alemanha), se entusiasmou com as idéias de filósofos que criavam uma concepção de ciência baseada no empirismo. Seguiu carreira religiosa e teve de fugir para a Polônia quando, no início da Guerra dos 30 Anos, em 1618, o rei Ferdinando II decidiu reimpor o catolicismo na Boêmia. Sua revolta com a situação o levou a escrever obras filosóficas e pedagógicas satirizando a ordem vigente e propondo mudanças radicais. Essas idéias seduziram pensadores da Inglaterra, que o convidaram a trabalhar no país, mas o projeto foi abortado pela eclosão da Guerra Civil Inglesa, em 1642. Tentativas de reforma escolar a pedido dos governos da Suécia e da Hungria acabaram fracassando – em parte por causa da insistência do pensador em divulgar sua "pansofia", sem sucesso – e ele voltou para a Polônia. Comênio teve novamente de fugir de uma guerra civil e estabeleceu-se em Amsterdã, onde permaneceu até morrer, em 1670. Por essa época, seus livros de texto ilustrados para o aprendizado de línguas e ciências tinham se tornado uma bem-sucedida novidade nas escolas da Europa.
Comênio não foi o único pensador de seu tempo a combater o pedantismo literário e o sadismo pedagógico, mas ousou ser o principal teórico de um modelo de escola que deveria ensinar "tudo a todos", aí incluídos os portadores de deficiência mental e as meninas, na época alijados da educação. "Ele defendia o acesso irrestrito à escrita, à leitura e ao cálculo, para que todos pudessem ler a Bíblia e comerciar", diz Gasparin. Comênio respondia assim a duas urgências de seu tempo: o aparecimento da burguesia mercantil nas cidades européias e o direito, reivindicado pelos protestantes, à livre interpretação dos textos religiosos, proibida pela Igreja Católica. A obra de Comênio corresponde também a outras novidades, entre elas "o despertar de uma nova concepção de criança", como diz Gasparin. "Ele a trata em seus livros com muita delicadeza, num tempo em que a escola existia sob a égide da palmatória", continua o professor. "A educação era vista e praticada como um castigo e não oferecia elementos para que depois as pessoas se situassem de forma mais ampla na sociedade. Comênio reagiu a esse quadro com uma pergunta: por que não se aprende brincando?"

Salvação da alma
Sob influência de seitas protestantes e do filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), Comênio acreditava que a salvação da alma poderia ser alcançada durante a vida terrena e que o caminho para isso poderia ter a ajuda da ciência. Para ele, a criatura humana correspondia ao ideal de perfeição. Comênio acreditava que, por ser dotado de razão, o homem pode entender a si e a todas as coisas. Portanto, deve se dedicar a aprender e a ensinar. Seguindo esse pensamento, Comênio conclui que o mais importante na vida não é a contemplação e sim a ação, o "fazer".
Para pensar
A maior contribuição de Comênio para a educação dos dias de hoje é, segundo o professor Gasparin, a idéia de "trazer a realidade social para a sala de aula, fazendo uso dos meios tecnológicos mais avançados à disposição". De tão fascinado pela invenção da imprensa e pela possibilidade de disseminação de conhecimento que ela representava, Comênio criou a expressão "didacografia" para designar o método universal de ensino que ele pretendia inaugurar. Nos dias de hoje, a tecnologia da informação seria capaz de realizar essa revolução? Qual é sua opinião?
No pensamento humanista do pedagogo tcheco, a instrução e o trabalho diferenciavam o homem burguês do homem feudal. Em sua trajetória, o novo indivíduo deveria imitar a natureza, porque, emulando Deus e respeitando as aptidões de cada um, não haveria possibilidade de erro. De Bacon, Comênio adotou o método empírico de explorar o mundo, em contraposição às verdades impostas pelo ensino medieval. Pela experimentação, ele acreditava que todos poderiam vir a enxergar a harmonia do universo sob o caos aparente. "Comênio queria mudar a escola com a didática e a sociedade com a educação", diz Gasparin. "Era um grande idealista."
Em busca da harmonia universal
Comênio viveu a maior parte da vida cercado de guerras. Algumas delas, como a Guerra dos 30 Anos, de protestantes contra católicos, lhe diziam respeito diretamente. Toda sua obra foi marcada profundamente por isso, uma vez que o fim último de seu pensamento era a compreensão universal, que uniria toda a humanidade. Ele perseguiu desde a juventude a unificação da totalidade do conhecimento humano, porque imaginava que ele era finito e imutável. A construção de uma enciclopédia do saber e sua adaptação às capacidades infantis são o grande tema da pedagogia de Comênio, e para sustentá-la ele criou uma base filosófica que denominou "pansofia", a procura de um princípio básico que harmonizasse todo o saber. Ao contrário de seu pensamento educacional, que suscitou interesse pela Europa afora, a pansofia não teve seguidores.